sábado, 6 de abril de 2013

You know...I am no good!


Algumas verdades sobre mim:
Sempre sinto-me melhor na presença de um livro, seja ele qual for.
Pelo motivo destacado acima, sempre tenho um livro comigo.
Nos momentos de tribulação recorro a música.
Em certos dias sinto que consigo passar horas sem falar sequer uma palavra. Nesses dias, dificilmente me sinto sozinha.
Sou instável e tenho diversas variações de humor em curtos espaços de tempo.
Consigo contar em poucos dedos a quantidade de pessoas que realmente me conhecem.
Menor ainda é o número que gostam de mim verdadeiramente e pelas quais sinto a mesma coisa, com profunda sinceridade. Porem, quando amo, é de todo coração.
Não há ninguém nesse mundo que me conheça por completo.
Danço horas sem me cansar, por puro prazer.
Leio incansavelmente, me perdendo em outros mundos, personagens e histórias. Vivo outras vidas a cada página.
Sou sensível e tenho uma ligação muito forte com algumas pessoas.
Tenho demonstrações de afeto estranhas, mas extremamente sinceras.
Tenho meu mundo concentrado no espaço do meu quarto.
Consigo viver sem internet, celular e baladas, mas nunca sem música, livros e filmes.
Pra ser sincera, sinto muita vontade e com bastante frequência de atirar meu celular de um carro em movimento. Sinto que seria no mínimo libertador!
Me considero uma pessoa resiliente.
Sou dura, teimosa e ruim em alguns momentos. Me arrependo de todos esses momentos e traços, mas a perfeição é uma utopia de tolos e,bom, pelo menos desse defeito fui poupada.
O som ritmado e ruidoso do ventilador me acalma.
Tenho sono leve e ouvidos sensíveis, talvez isso explique minha aversão a certas músicas.
Nem sempre o "filtro" que existe entre meu  cérebro e minha boca funciona, chego a afirmar que este item parece me abandonar em momentos cruciais.
Um bule azul é o meu xodó dentre todos os itens que decoram o meu quarto.
Adoro o inverno e todas as suas possibilidades.
Apesar de ser um tanto quanto "ruim da cabeça" em alguns momentos, estes pezinhos funcionam muito bem obrigada e o samba corre em minhas veias.
Tenho uma vista privilegiada, e aprecio um belo pôr-do-sol, da minha cama.
E assim, toda tarde desejo saber fotografar para conseguir eternizar as pinturas que Deus expõe para mim, da janela lateral...do quarto de dormir...
É durante a madrugada que me sinto mais em paz.
É durante a manhã que me sinto mais imprestável.
É durante o dia que vivo minha vida, apesar do turbilhão interior.
Sinto constantemente a necessidade de CRIAR.
Nunca estou saciada de conhecimento, nem de nutella.
Amo unhas vermelhas, sapatos coloridos, banhos de chuva e cabelo cheiroso.
Odeio poucas coisas, em poucos momentos, e gosto pouco de mim nesses momentos.
Filme favorito: Ana e o Rei.
Música favorita: Hard Sun - Eddie Vedder (Ao menos, nesse momento!)
Livro favorito: A menina que roubava livros.
Roupas: Vestidos.
Sapatos: Coloridos.
Bolsas: Todas!
Qualidades: Ser como sou.
Defeitos: Ser como sou!
Perfume: Doce.
Personalidade: Ácida.
Coração: Um. E gosto de acreditar que seja bom.
Leio quatro livros ao mesmo tempo; nunca tenho a cabeça vazia; adoro cachorros, pão integral e chá quente; tenho a quantidade perfeita de bons amigos; não tenho inimigos; me sinto engatinhando em relação a fé e crescimento espiritual; tenho um quadro do Chapplin, macacos leitores e a melhor das pessoas ao meu lado; sou feliz e talvez um pouquinho infeliz; amo meus óculos escuros, músicas com gaita e a minha família; sou saudável, insuportável e do jeito que devo ser. A verdade é a seguinte: gostar ou não deste texto é uma questão irrelevante, porque afinal de contas a verdade quase nunca é agradável, mas sempre é revigorante...eu diria é que até mesmo libertadora! Como um celular em pleno vôo? Através de uma janela? De um carro em movimento? Ah! Um dia quem sabe...



quarta-feira, 10 de outubro de 2012

...nem tão diferente assim!


Se eu pudesse voltaria no tempo.
Seria senhora de engenho, usaria espartilhos e vestidos grandiosos, teria carruagens e luvas de cetim, seria mais uma sinhá, com seus chapéus espalhafatosos.
Tocaria piano à luz de velas, andaria a cavalo, seria rebelde e romântica.
Se pudesse voltar no tempo viveria as revoluções, queimaria sutiãs e pintaria no rosto as cores da pátria. Usaria chapéus Coco Channel segurando minha piteira com metros de comprimento, enquanto observava os desenhos produzidos pela fumaça do cigarro e do café forte. Perfeita combinação para uma tarde parisiense.
Teria óculos redondos, calças boca de sino e o sentimento de liberdade cravado no peito.
Cantaria em meio à multidão histérica, em diversas línguas, em todos os cantos do mundo.
Seria negra, de olhar forte e pés descalços, dançaria com todo o charme e sensualidade da raça. Seria pássaro aprisionado e cobiçado, seria ânsia por libertação.
Teria um conversível vermelho, lábios no mesmo tom, óculos emoldurando um rosto envolto por um belo lenço de seda e pela inspiração icônica de Marilyn Monroe.
Viveria as noites cariocas, sentaria sob os arcos da Lapa, seria o samba em meus ouvidos.
Cantaria canções de liberdade e revolução, viveria o exílio e a glória do retorno ao lar. Seria a voz de um povo oprimido.
Viveria em preto e branco, ouviria radionovela e teria uma coleção particular de vinis.
Namoraria no portão e seria cortejada com dança de salão e lenços capturados durante a queda proposital.
Teria vinte pares de polainas coloridas, o poster do ABBA e fantasias de um romance secreto com o Rei do rock.
Veria a saia diminuir, as calças surgirem e o voto ganhar um charme cor de rosa.
Faria viagens de navio, usaria pérolas e casacos de pele, sandálias com meia e calças de lycra. Dançaria Thriller sob o chão ofuscante das discotecas.
Seria dramática e afetada, encenaria desmaios e provocaria duelos. Me vestiria como menino e sairia à noite para cavalgar ao luar.
Seria punk, hippie e dançaria "Flash Dance".
Assistiria Charles Chaplin na estréia nos cinemas, leria os lançamentos de Carlos Drummond de Andrade e me contagiaria com os movimentos modernistas e da Tropicália.
Todas as noites ouviria meu gramofone e sonharia com o dia em que pudesse viajar no tempo e descobrir a mulher que seria anos à frente, quando o futuro fosse presente a vida fosse tão diferente.
Talvez, nem tão diferente assim!

sábado, 22 de setembro de 2012

No papel, na cabeça e nos ouvidos.


Quando foi que a música popular brasileira tornou-se tão ruim, erotizada e descartável?
Gostaria de saber e entender o que foi que mudou em nossa sociedade, mentalidade e musicalidade que nos rebaixou de "país do samba" para "país do arroxa, funknejo e afins"?
Longe de mim desmerecer os gêneros musicais acima, a questão está no fato de que até que ponto tudo isso poder ser considerado música?
Enumerando os problemas da música atual, podemos citar: letras que variam entre burrice, rimas pobres e pornografia sonora.
Mas a meu ver, o maior problema disso tudo, é ver pessoas, diariamente cantarem, dançarem e erguerem o som ruim de seus carros e nos obrigarem a participar dessa mesmice como zumbis sem opinião. Zumbis,que no desespero, comeram seus próprios cérebros. Mas afinal, qual é a utilidade de um cérebro? O importante é rebolar... importante é saber as sílabas...o importante é seguir o ritmo, seguir a massa.
Hoje, vemos uma contínua troca de cantores e cantoras, uma renovação sem inovação onde o novo substitui o velho sem alterar nada além da cor da camisa, a comida preferida e a marca do carro importado na garagem. A cada "música" lançada ouvimos nomes novos, a cada "música" lançada é descoberto novos talentos, enquanto outros caem no esquecimento com seus "tchus tchas".
É tchau! É música descartável, público descartável, tem fim certo e normalmente, rápido.
Enquanto vemos novos pares de calça justa e botas de couro de sabe-se-lá-Deus-o-que entrarem e saírem de cena diariamente, olho ao meu redor e vejo a imortalidade na forma de um charmoso senhor de olhos azuis, uma mãe que já se foi e hoje é eternizada na voz de sua filha, um negro-drama cheio de charme e marra, coletes coloridos daquele menino russo/brasileiro e o melhor dos pares de óculos redondos de toda essa infinita Higway. Boa sensação estranha de imortalidade.
Por isso, penso que não posso estar tão errada em relação a esse tema. Por isso penso que isso que ouvimos não é música.
A música de verdade sobrevive, música de qualidade dura gerações e gerações, música de verdade não tem gemidos, música de verdade não dói aos ouvidos. Tem poesia, tem melodia, tem harmonia. Música de qualidade é aquela que seus pais ouviram, que os seus avós ouviram e que hoje você ouve sabendo que seus filhos irão ouvir um dia, em seus Ipods, cds e discos de vinil. Música de qualidade é eterna porque seus ouvintes não permitem e nem conseguem deixar que tal tesouro se perca e caia no esquecimento.
E no fim de tudo a pergunta que não quer calar é: Quando é que voltaremos a ter samba no pé, miolos na cabeça e menos merda nos ouvidos?

*ps: o gênero não é o principal referencial para a qualidade da música, nem mesmo o timbre de voz do intérprete, e sim o conteúdo. Tudo uma questão de conteúdo. No papel, na cabeça e nos ouvidos.
**ps 2: a intenção desse texto não é atingir ninguém, diminuir ninguém nem nada e sim deixar claro a minha opinião, meus pensamentos sobre esse assunto tão pertinente em nosso país atualmente.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Tá tudo aqui...

















Tem muita coisa aqui, nesse coração. 
Muito silêncio, muita história, muita coisa vivida, sonhos, planos e uma incógnita de "como seria se tudo tivesse sido diferente?".
Às vezes quase me vejo tentando segurar as palavras, logo após elas te
rem saído da minha boca. É sempre assim, e sempre me vejo falhando e falando sem pensar, me martirizando pela ausência de paciência ou mesmo de silêncio em certos momentos.
Tem muita vontade de gritar aqui, nessa garganta.
Muito tempo, muito choro, muito ontem e muito hoje. Vontade de romper as barreiras e paradigmas que eu mesma me impus. Quem sabe um dia..quem sabe um dia!
Tem muita vontade de mudar aqui, nessa cabeça.
Vontade de evoluir e ser cada dia mais, uma pessoa melhor. Sem buscar a perfeição, mas lutando contra esse excesso de humanidade que jorra e circula por minhas veias a cada pulsar desse coração intenso.
Tem muita determinação aqui, nessa menina/mulher.
E sei que, hoje, olhando para meu passado vejo um presente transformado, e um futuro de certeza na renovação, porque eu sou aquilo que eu quero ser. Então, de uma forma ou de outra, está tudo aqui, dentro de mim.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

405 Km. Para um pouquinho, escreve um pouquinho, 405 Km....


E assim, de repente, a lua me parece tão próxima.
Mesmo que por mera ilusão de ótica, ela agora me parece mais próxima que qualquer outra coisa.
Janelas, árvores em movimento, carros e luzes indo e vindo, um café quente, e uma brisa fria constante que insiste em tornar meus pés azulados cada vez mais frios.
Olhando através dela nesse instante, com a música no volume máximo em meus ouvidos percebo que aqui, no meio do nada, em um automóvel em movimento, no silêncio de uma noite fria de outono, consigo, de maneira clara, enxergar as peças se encaixando.
O futuro me faz uma prévia. Um trailer de um filme a muito aguardado.
Talvez seja outra ilusão de ótica, talvez sejam os efeitos de um fim de semana maravilhoso, talvez seja apenas fé, mais forte e maior do que nunca.
"Podes reinar...."
E nessa estrada sigo, e nesse momento penso em como é dificil escrever com um computador que insiste em "ziquezaguear" em meu colo.
Seria tão mais fácil no conforto da minha casa, seria tão mais fácil usando meu prático e conhecido word 2007. But...as coisas, na grande maioria das vezes, não acontecem da maneira mais fácil.
A vida acontece o tempo todo, quase sempre acalerada, como um carro em movimento. Nossa capacidade de moldá-la de acordo com nossos desejos, pode ser medida pela habilidade de nos adaptarmos aos seus altos e baixos, aos trancos e buracos, aos erros de digitação a cada curva brusca. Sempre voltando atrás a cada tecla errada, escrevendo a palavra certa, na linha certa, por linhas e estradas tortas.
E nesse momento me passa pela mente a possibilidade de lá longe, na lua brilhante que  me ilumina através do vidro, haver uma outra janela, olhos voltados para mim, dedos tamborilando em um computador - mesmo que sejam dedos verdes e um computador gerações e gerações à frente do meu. Olhos e indagações vindas de um universo paralelo, esperanças e palavras escritas em um futuro que ainda não me pertence.
E esse tal de futuro que nunca se torna presente?! E essa tal janela que sempre se mantêm fechada, e esses olhos que não me dizem hoje como será o amanhã. Mas ainda assim sigo, a cada curva, pois a certeza de que um belo raiar de sol virá e o futuro será presente antes da hora do almoço. Nem vou notar, ele será presente.
God, apenas 23 minutos de bateria me restam e é tanta estrada!
Nem sei quantas vezes olho para o motorista. Sempre tenho a impressão de que ele sente sono ao dirigir. Assim dirijo com ele, desviando de buracos, fazendo as curvas e mantendo meus olhos bem abertos, quem sabe assim posso ajudá-lo. Cada louco com as suas manias. Eu tenho várias, uma pena não valeram muito no mercado.
Acabo de notar que não faço idéia de onde estou. Talvez em algum lugar no meio de uma estrada que vai chegar em algum trevo perto de alguma cidade longe de casa. Senso de direção, isso não te pertence Gabriela.
Toda mulher parece ter essa peça quebrada. Penso nas antigas civilizações, na capacidade incrível de orientação através dos astros, e concluo: viveria perdida. Uma cidadã do mundo, não por opção, mas por falta de direção.
Cada vez me parece mais difícil de ....PARA...Adele tocando no rádio do ônibus. (pausa)
Sem meus fones agora, curtindo "Some one like you" com a lua ainda como minha parceira de viagem. As duas juntas parecem adicionar, simultaneamente, mais beleza e significado a cada palavra que sai do rádio, e a cada raio de luar que entra pela janela. Uma sintonia afinadíssima.
Não resisto e estou cantando. Um amigo recente e desconhecido no banco à frente de mim me acompanha. Vamos lá gente, todos juntos!
Never mind I find some one like you....uuuu.......IBAITIIIIIIIIIIII!! Sei onde estou!!!
Não pensem que consegui me localizar pelo cruzeiro do sul em relação à ursa maior em ascenção com a lua. Eu poderia mentir, passar-me por uma pirata ou desbravadora do século XXI, mas as estradas hoje são tão  bem sinalizadas e as placas refletivas resolvem o problema da escuridão, e assim, me achei novamente. Cerca de uma hora e alguns minutinhos de casa, e apenas.....
.....aaaaaa....descobri que a bateria ainda possui 33% de sua capacidade, e isso me dá 2 horas e 13 minutos!! São minutos suficientes para muitos e muitos quilometros de palavras erradas a serem digitadas neste bom e velho (expressão apenas) computador.
Algumas partes desse texto serão apagadas, inclusive esta.
Como uma boba e para rir de mim mesma, acabei de procurar um sinal de wifi, tipo, no meio do nada. A decepção de não encontrar nada só não foi maior que a constatação de consigo me superar em bobeiras em alguns momentos. É bom rir de si mesmo.
Li essa frase esta semana, em uma tarde agradável. Uma amiga, uma xícara fumegante, um bom papo e a sensação de estar em casa.
As coisas têm acontecido com tamanha rapidez e intensidade ultimamente que nem sempre tenho conseguido me encontrar e sentir cheiro de lençol limpinho e colo de mãe.
A intensidade e as mudanças vêm me fazendo companhia de tempos para cá. Com elas o medo me diz "olá" em alguns dias nebulosos.
Mas agora vejo a lua, e assim, sinto que o dia será ensolarado e frio virá apenas da brisa que tanto me agrada.
Ao olhar mais uma vez através da janela que foi tantas vezes citada neste texto, vejo meu reflexo e constato, mais uma vez, que não gosto REALMENTE das minhas bochechas.
Pensem na notícia e terão noção: "Mulher faz cirurgia de redução de bochechas e acaba com a fome na África".
O drama foi grande, e talvez até de mal gosto, mas foi apenas uma forma que encontrei de demonstrar em palavras a volumosidade desta região do meu corpo. Constato que tal volume poderia se localizar alguns centímetros para baixo, me pouparia drama e silicone.
Neste exato momento a música em meus fones parou e escuto, mesmo com eles ainda em meus ouvidos a linda e poética melodia de "Humilde residência" que toca através do rádio e impregna o ambiente ao meu redor.
Nesses momentos sinto uma vontade de pegar todos os cantores de música ruim e seus fãs de carteirinha e fazer uma sessão intensa de "música de verdade" com os mesmos. Um retiro, uma sessão de descarrego cultural. Horas a fio de música de qualidade, em todos os seus aspectos, seja em letra, melodia, produção e execução.
Não me prendo a gênero, ou nacionalidade, a questão é música que não me faça pensar em camas quebradas, no motivo que fizeram com que ela quebrasse e sentir náuseas, tudo ao mesmo tempo. "Que isso novinha?"Sou eu quem pergunto, o que é isso povinho? Que isso povinho!
A sociologia, ao estudar a sociedade e tudo relacionado à mesma, aborda um tema chamado "cultura de massa". Poucos sabem seu real significado. A ignorância garante a manutenção e a perpetuação  dos interesses daqueles que detêm o poder, ou seja, das classes superiores.
O mercado musical é um grande exemplo de cultura de massa. Se pensarmos que cantores já conhecidos e "consagrados" em nossa sociedade são os principais empresários na busca, descoberta e revelação de novos talentos, e que usam de seus shows para assim divulgar a seus fãs a mais nova dupla sertaneja do momento, usando de sua imagem,  manuseando as mentes a favor de seus interesses e carteiras, podemos ter um pequeno exemplo. O jogo de influências é muito maior e podre que tal exemplo, isso foi apenas um PLIM PLIM, para clarear as idéias nesta noite escura.
Mas o papo ficou sério. Alguns com toda certeza não irão entender e achar que sou  mais uma chata que não aceita suas raízes e renega o sertanejo. Não! Muito pelo contrário, é por gostar de sertanejo, o verdadeiro, que acho cada vez mais baixa a qualidade das músicas que caem no gosto popular. E se a mentalidade de uma população puder ser medida por sua cultura, podemos estar caminhando para uma situação perigosa.
Falando em raízes e origens penso em terra vermelha e avisto através das árvores que ainda passam correndo ao meu lado, uma pequena cidade, uma santidade, um nome em comum. Cada vez mais perto da pequena e singela Andirá. Quase posso ver suas ruas estreitas, os carros cheios de jovens andando e curtindo música alta com as piores caixas de som e os melhores sorrisos, a famosa caixa d'gua, a igreja matriz, um sobrado rosa, aquele cachorro mais feio e feliz do mundo.
Mas isso tudo ainda são pontos e focos luminosos no horizonte, assim como quase tudo escrito neste texto. Vejo, e  sonho, e acredito, e espero, pela chegada e que a bateria aguente até lá.
Também agradeço e ouço mentalmente aquela música....senhor, eu sei que é teu esse lugar...podes reinar!
Obrigada! Estou em casa, estou bem. Estou chegando. Tchau lua, oi wifi. =]



segunda-feira, 19 de março de 2012

Turning Tables

Sempre fui fascinada por pessoas que conseguem tirar a toalha da mesa sem derrubar tudo que há em cima dela.
Os movimentos parecem sobrenaturais aos meus olhos. O leve flutuar dos copos, o tilintar dos talheres, o som abafado da base dos pratos indo de encontro à inércia.
Like a dance. Uma coreografia gravitacional, que dura apenas alguns segundos.
Como em tudo que envolve vidro e gravidade, nem sempre o resultado é positivo. Porem, mesmo nesses casos ainda me deslumbro com a beleza de toda a destruição que cálculos mal resolvidos podem causar. Os diferentes sons que cada item produz ao se chocar contra o chão, ou mesmo uns contra os outros. É tudo de uma beleza bruta, destruidora, mas ainda assim hipnotizante.
Quase como ver um raio.
Questão de perspectiva. As coisas no mundo costumam apresentar várias. Eu gosto de usá-las.
Ouço várias vezes uma mesma música.
Hábito mais do que comum, principalmente nos dias de tpm, nas foças emocionais ou mesmo quando aqueles amigos se reúnem, e você sente que é aquela música que deve tocar, uma vez após a outra.
Entretanto, aos meus ouvidos a música sempre parece diferente. Em certos momentos noto a letra e a poesia existente nela, em outros ouço sua batida, acompanho seus compassos e até mesmo crio mentalmente uma coreografia que seria perfeita para tal.
Algumas vezes ouço todos os instrumentos juntos, a harmonia dos sons e a complementação dos graves para os agudos, ou vice versa. Mas sei que consigo passar horas ouvindo separadamente cada instrumento, cada performance, cada deslizada do dedo do músico nas cordas enferrujadas de um contra-baixo.
Questão de perspectiva, questão de transformação.
E a graça de tudo é que a vida, nada mais é do um enorme aglomerado de pessoas buscando sua felicidade, dentro da sua perspectiva do que é ser feliz.
E assim vamos nós, dia após dia, noite após noite. Tropeçando, levantando, seguindo em frente.
E afinal, se gregos quebram seus pratos em grandes celebrações à felicidade, afastando os maus espíritos, eu quero mais é virar a mesa. Porque puxar a toalha seria arriscado demais, tudo poderia dar certo e nada se quebrar, e sob minha perspectiva, nesse momento é dos cacos que (re)construirei a minha felicidade.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Simplesmente onde devo estar

Algo tem falado comigo ultimamente. Algo em mim.
Em certos momentos me pego em meio a um monólogo, uma discussão que ecoa em minha mente.
Algumas coisas estão fora do lugar, e não tem sido fácil reorganizá-las.
Mas a vida é assim mesmo. O tempo passa, mudanças ocorrem, pessoas vão outras vêm, e nesse ciclo contínuo construímos individualmente nossa ideologia do que é viver.
Às vezes chego à conclusão de que a grande maioria de meus textos apresentam fortes traços depressivos. Talvez seja verdade, talvez seja apenas a minha visão. Talvez nem mesmo de texto esse amontoado de palavras possa ser chamado. Seria ele mais uma maneira de silenciar o turbilhão de questionamentos e possibilidades que disputam um mísero espaço em minha cabeça, causando aquela sensação desagradável de "zumbido" no ouvido. Dar voz aos meus pensamentos seria um atentado contra o silêncio, desta forma calo minhas indagações em cada grafismo que compõe este desabafo, este diálogo de um locutor/ouvinte.
Já perdi tempo demais tentando ser quem não sou, mergulhando sem saber nadar, lançando-me de penhascos com esperanças depositadas em um bater de asas que nunca virá.
Sei que tenho um coração que quase me sufoca e uma dificuldade imensa de demonstrar o que se passa dentro dele. Não sou racional mas sim uma questão aberta, mutante e transcendente.
Não durmo com mágoas no coração.
Não gosto de palavras não ditas, meias palavras ou meias verdades.
Sou sempre por inteiro em tudo que faço. Por isso se eu gostar de você faça o esforço de gostar de mim em mesmo grau e intensidade, como retribuição.
Sou mais forte do que aparento e mais frágil do que realmente demonstro.
Tenho dias escuros, noites em claro, manhãs de sol e tardes regadas a lágrimas. Tenho ouvidos aguçados, unhas bem feitas, dentes e língua afiada.
Sou maleável e me adapto com facilidade ao meio.
Sou refletiva.
Sou reflexo. Sou tudo aquilo que recebo, por isso, antes de ser eu sou todos os outros.
Então, só me deixe viver e me aceite como sou, com os pés no chão e os pensamentos soltos e flutuando com o mesmo vento de leva as folhas e as estações.
Nem aqui e nem ali, mas simplesmente onde devo estar.