quarta-feira, 22 de junho de 2011

Escrever, Rezar, Amar!

Olhei pro meu quarto hoje e pensei "SE MEU QUARTO ESTÁ DESSE JEITO, COMO ANDA A MINHA VIDA?!"
Vida...
Assisti a um filme hoje que me fez pensar muito sobre a vida e todos os acontecimentos em seu decorrer, ele chama-se "Comer, Rezar, Amar". RECOMENDO! (Detalhe, o cara era muito gato. Massa mesmo! RECOMENDO).

Mas enfim, eu o assisti na madrugada, com a casa silenciosa, uma lata de leite condensado ao meu lado, atraindo as formigas para me acompanharem na última sessão da noite.
O que é viver então?
Será ela, comer, rezar e amar? (Pode ser!)
Será ela estudar pra terminar o colegial, depois estudar pra passar no vestibular e novamente estudar?
Trabalhar, conquistar um patrimônio sólido e pronto?
Ou será estudar e conquistar apenas o suficiente para poder comprar um bom livro de histórias e lê-lo a seus filhos e netos?
De uma coisa eu tenho ABSOLUTA certeza: TODOS já pensaram sobre a vida, sobre sua própria vida e os rumos que ela tomou.
Se meu quarto é uma bagunça imagine como é a minha cabeça!
Uma desordem, um turbilhão de pensamentos e sentimentos.
Uma dose de Tequila, um remédio para dor de cabeça, um filme de guerra e uma bala de café. Tudo junto, misturado, sem se misturarem, assim como as roupas jogadas pelo chão.
Certo personagem deste mesmo filme disse a seguinte frase:
"SE VOCÊ NÃO CONSEGUE CONTROLAR A SUA MENTE, COMO PRETENDE CONTROLAR A SUA VIDA?"
E sabe exatamente o que eu estou pensando agora, às quatro da manhã, deitada em minha cama com uma caneta BIC na mão?
Que eu tenho duas provas amanhã, uma quantidade absurda de coisas para ler e estudar e simplesmente não consigo para de pensar, de imaginar e de escrever.
Humberto Gessinger fala em um trecho de seu livro que há um oceano em nossas cabeças, e que as idéias que extrapolam os limites dela são apenas as ondas que quebram na praia.
Há  tempestade em auto mar - pensei eu, e tem chegado ondas demais neste momento! Uma ressaca psicológica.
Então...
Se eu não tenho controle sobre minha mente, isso significa que ela me controla. Se ela me controla, necessariamente, a mesma é que está na boléia da minha vida. E,se minha mente é uma desordem de excesso de imaginação e criatividade inútil, imaginem minha vida!
E eu, definitivamente, preciso arrumar o meu quarto! Colocar um pouco de ordem no caus.
Mas aí vai mais uma pergunta: E se a vida não fizer muito sentido? Não tiver nenhuma explicação ou manual de instrução?
E, se ela tiver, mas eu ainda não o encontrei devido às roupas, sapatos e livros espalhados pelo chão?
Se alguém já encontrou me avise que eu quero uma cópia, ou eu empresto o meu pen drive.
Sabe, minha mente se acalmou agora. Sempre acontece isso quando penso em pen drives. Não que eles me acalmem, pelo contrário, eles costumam fazer estragos em minhas mãos, por isso esqueço tudo quando vejo aquela luz piscando. Uma arma legalizada, um destruidor silencioso de computadores, mas que cabem tantaaas músicas e até tem um lugar pra pendurar um chaveirinho. Um charme.
Mas, voltando ao assunto, foco Gabriela.
Ouço um zumbido agora, um som irritante e involuntário em meus ouvidos, deve ser algum sinal de sobrecarga, ou o motor ligou a "ventuinha". Algo como um eco das palavras que passam por minha cabeça, minha mão, meus olhos e ouvidos, transbordando até repousarem no papel.
Não sei se alguem já notou, mas eu sou uma pessoa muito inquieta.
Não costumo me conformar com o comum, com pouco, com a normalidade. Sonho demais.
Às vezes chego a pensar que vivo duas vidas. Na primeira vida sou eu mesma, mesmo rosto, mesmo nariz grande, mesma cor de esmalte, mesma bagunça no quarto, mesmo coração e mesmo motivos em suas batidas. Na outra vida, sou tudo aquilo que poderia ter sido, sou menino, tenho asas, sou pai e mãe, sou família. Sou páginas de livros que não li, cenas de filmes que não assisti, sou desejos que poderiam terem se realizado. Sou "E se...".
Acho que eu sinto demais. É algo como tomar as dores e alegrias do mundo para mim, para senti-las em meu coração. Eu choro assistindo desenho animado, às vezes de alegria, as vezes por que o Coióte nunca alcança o Papa-Léguas.
Mas se me perguntarem se eu queria "não sentir". NÃO! É bom sentir. Não ser indiferente.
Indiferença é uma palavra cinza você não acha? Apagada. Sem sentimento e opnião, e isto está longe do ser humano que eu quero ser e busco ser a cada dia. Como diria uma linda amiga que eu ganhei de presente dos meus amores MACIÉIS, eu não sou cinza. É bom não ser!
Mas, voltando ao assunto da vida. A vida, o que eu desejo para minha vida?
Será que meu desejo é meu diploma?
Estarei realizada quando o tiver em minhas mãos?
EU NÃO SEI. Essa é uma frase que eu realmente não gosto, por isso uso ela com tanta frequência, assim como muitos seres estranhos e interrogativos como eu.
É uma espécie de Mantra. EUUUUM NAUUM SEI..EUUUMMM!
A única diferença é que por não ser cinza busco as respostas. Ainda não sei. Ainda!
Deveria fazer terapia. É, isso aí!
Conversar com alguém que vibre em outra frequência, que SAIBA já, em tempo real. Ver minha vida, me ver por outros olhos. Pôr a cartas na mesa, pegar as roupas do chão.
SABER!
Contudo, sei algumas coisas. E uma delas é que, definitivamente, meu verbo é AMAR.
Por que eu amo.
Amo coisas e pessoas. Todas tão diferentes que encontro semelhanças; tão singelas (amo essa palavra por sinal!) que são esses pequenos detalhes que mostram o melhor de mim, para mim. Um espelho.
Eu amo escrever e ler. Tenho verdadeira fascinação pela palavra escrita, pelo poder de se criar mundos tendo uma caneta BIC e uma folha em branco nas mãos. A mente voa, livre. Transborda em um Tsunami de descargas eletro-químicas. É pura magia!
Talvez seja essa minha terapia. Talvez seja essa a resposta para todas minhas perguntas.
Amar, simplesmente.
A verdade é que não concluí nada de muito concreto depois de tanto pensar, madrugada a dentro, vida a fora. Contudo, esse relato, essa válvula sempre me ajuda a perceber que o importante da vida não é alcançar todos os seus objetivos, mas estar a caminho. Buscando. Vivendo. Amando!
Esse filme tem um ótimo título. Vou adotá-lo como meu mantra a partir de agora, com apenas uma alteração. Como comer é um ato quase que instintivo decidi substituí-lo por ESCREVER.
ESCREVER, REZAR, AMAR.
Um bom tripé, um bom mantra, uma boa vida, regada a gramática e palavras a conhecer; Com Deus como conselheiro e amor como a base.
Por que eu amo!
Como eu amo...

Gabi*

sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Ela era especial!"

Essa semana o céu está mais azul vocês repararam?
O frio não tem sido tão intenso - o que é uma pena - e os dias gelados só restaram nas cenas de certo filme europeu ruim.
O sol tem brilhado com todo seu clarão e até tivemos um eclipse. O universo anda a todo vapor, uma verdadeira festa no céu. Um pedacinho dele voltou pra casa.

Voltando ao passado...

Anos atrás, em uma noite enluarada, a imensidão do firmamento se voltava para uma singela casa, situada na RUA DA LIBERDADE.
Estrelas cadentes acompanhadas por uma lua inflada e magnífica admiravam Deus em sua forma mais real.
Um nascimento.
Pequenos seres dotados de quatro patas abririam seus olhinhos e abanariam suas caudas pela primeira vez.
Porém, a distância era tão grande que apesar do brilho das estrelas e da Lua, os habitantes do infinito apenas ouviam os gemidos e a respiração ofegante de uma mãe prestes a dar a luz.
Pensando nos pequenos seres que estavam prestes a adentrarem o universo, a Lua,  em um instinto materno, inspirou com toda força o ar gélido da madrugada e soprou as estrelas ao seu redor.
As filhas iluminadas da grande senhora da noite, entendendo o desejo de sua mãe, entregaram-se à brisa, deixando que pequenas partes de seus sorrisos incandescentes fossem carregados livremente.
Poeira estelar; pedaços de céu; essência divina; sorrisos cadentes.
No momento em que essa brisa chegou à rua da liberdade, uma minúscula massa de negros pêlos dormia serena, com sua barriguinha voltada para cima. E foi bem aí, nessa pequena barriguinha canina que o sorriso das estrelas repousou, soprando a negritude para seu dorso, deixando com um brilho de ouro parte de suas patas, sua barriga e seu olhar.
"Ela será especial!" A mãe Lua sorriu.
Tendo na Terra um pedacinho do infinito, os astros e estrelas mostraram-se rigorosos quanto à escolha dos guardiões daquele pequeno ser. E para isso foi providenciada uma família iluminada.
"Assim ela se sentirá em casa" Sussurraram as estrelas em coro.
E ele a encontrou. Faceira, com suas patinhas curtinhas e fofas, seu abanar singular de rabo e seu sorriso canino com sua linguinha um pouco grande demais exposta. Ela adentrou o coração dele na hora.
"Ela é especial" Sorriu e afirmou o guardião escolhido.
Sem dificuldades nenhuma ela encontrou seu pedaço de céu na Terra, entre aquelas pessoas, com  aquela família.
Os anos se passaram e a singela bola de pêlos tornou-se uma fêmea imponente em seu porte.
"Para um coração do tamanho do Universo, não poderia ser diferente!" Orgulhava-se a mãe Lua, enquanto iluminava o lar da família e da pequena estrela, que mais uma vez dormia com seu ventre voltado para o lar de origem.
Mudanças ocorreram, e o senhor dos dias e das horas, O tempo, voltou seus olhos para a pequena cidade, para a casa amarela, para seus habitantes, para a nossa Brenda.
"Está na hora dela voltar pra casa." Afirmava O tempo, dando pequenas palmadas na chorosa Lua minguante.
Desempenhando sua função com extremo louvor, os guardiões lutaram diariamente, de longe, de perto, de todas as formas possíveis. E a mãe Lua sorria com seu sorriso de vírgula, torcendo silenciosa para que de alguma forma as preces fossem ouvidas e aquele brilho não se apagasse.
Mas o senhor do passado e do futuro, estreitando seus olhos sempre voltava a afirmar "Está na hora dela voltar pra casa."
E foi aos quinze dias do sexto mês de 2011 que o universo ficou finalmente completo. Ela finalmente voltou pra casa.
"Ela era especial."
A saudade já machuca os guardiões e eles choram a todo momento. Perder um pedacinho do céu não é simples, é doloroso!
Mas hoje à noite eu conversei com a mãe Lua.
Ela me disse pra não nos preocuparmos, a nossa Brenda está muito bem.
Disse-me também que cada noite estrelada é o olhar dela que se volta para a Terra, procurando por sua família, lhes mostrando o caminho a seguir no dia em que se reencontrarem.
Com meus olhos úmidos eu supliquei que a chamasse, que pedisse para ela me mandar um sinal de que tudo realmente está bem.
E com toda a paciência que só uma mãe tem, a matriarca do universo disse em sussurro, que a chamaria sem problema algum, mas que nesse momento ela dorme calmamente, não mais com seu ventre para cima, mas lado a lado com uma pequena fagulha de Sol, a quem carinhosamente chamavam de Lisa.
"Ela está bem!" Suspirei.



SENTIMOS SAUDADES BRENDINHA!

Gabi*

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Better Together

Dois anos!
Ainda me lembro daquele dia, das suas malas arrumadas, a caminhonete carregada, o quarto vazio.
Você realmente ia embora.
Dois anos!
Tanta coisa cabe dentro de dois anos.
Pessoas nascem, morrem, se casam, ganham na loteria e nós ainda estamos aqui. Eu aqui, você aí.
Cheguei à conclusão de que dentro desse nosso romance tão particular mais uma singularidade pode ser adicionada: nós temos dois aniversários de namoro.
O tradicional, no dia 25 de julho, dois dias após aquele memorável baile do Texas. O dia do beijo roubado!
E, o dia em que você foi embora, pois este dia definiu uma nova fase no nosso namoro. A fase da distância.
Sempre digo, e realmente acredito nisso que digo, que a distância torna TUDO mais intenso.
A saudade torna-se um sentimento quase que palpável.
O ciúme dói muito mais.
As brigas bobas e insignificantes ganham proporções dramáticas e chorosas pelo telefone ou mesmo pela internet.
É tudo amplificado, inclusive e principalmente, o AMOR.
Se me perguntarem agora, se eu queria ter passado esses últimos dois anos ao seu lado, com toda certeza eu responderia que sim.
Mas, sempre que eu olho para mim, e vejo cada pedaço meu tomado por outra pessoa, por uma pessoa, pelo meu amor por essa pessoa, meu amor por você, eu consigo ser otimista e ver que tudo valeu a pena.
O amor também ganhou uma intensidade de 400 e tantos quilômetros de distância, saudade e paixão.
É fácil?
Não, não é fácil!
Mas quem foi que disse que amar é uma tarefa fácil?!
Encontra-lo é a parte fácil. Agarra-lo com todas as forças, superar os obstáculos e viver a vida lado a lado com esse amor é o que prova nosso valor, o que nos define como merecedores ou não desse presente.
Certa vez, você me mandou um depoimento com o trecho da música BETTER TOGETHER - JACK JOHNSON e essa música tornou-se, desde então, um sinal de como nós somos melhores juntos.
Nosso aniversário de namoro, o do dia 25 de julho está próximo. Nesse dia completaremos meia década, lado a lado. Dois insuportáveis se suportando por amor.
E eu amo, como eu amo!
E vou amar cada vez mais.
Cada vez mais forte e intenso.
Cada vez mais perto.
Cada vez mais eu e você, pra sempre! 


 MELHOR JUNTOS
 Não há uma combinação de palavras que eu poderia colocar no verso de um cartão postal
Nenhuma canção que eu poderia cantar, mas eu poderia tentar pelo seu coração
Nossos sonhos, eles são feitos de coisas reais
Assim como uma caixa de sapato cheia de fotografias com um tom de sépia do amor
Amor é a resposta, pelo menos para a maioria das questões no meu coração
Por que estamos aqui?

E para onde vamos?
E por que é tão difícil?
Não é sempre fácil e às vezes a vida pode ser enganadora
Vou te dizer uma coisa é sempre melhor quando nós estamos juntos

É sempre melhor quando nós estamos juntos
Nós olharemos para as estrelas quando estivermos juntos
Bem, é sempre melhor quando nós estamos juntos

É sempre melhor quando nós estamos juntos

E todos esses momentos podem encontrar um caminho para meus sonhos à noite
Mas eu sei que eles terão ido embora quando a luz da manhã cantar
Ou trazem coisas novas para amanhã à noite

Você verá que eles terão ido embora também
Muitas coisas eu tenho que fazer
Mas se todos esses sonhos encontrarem
Um caminho para a minha cena do dia a dia
Eu teria a impressão que eu estava em algum lugar no meio
Com apenas dois, só eu e você, não há muita coisa para fazermos
Ou lugares que devemos estar
Nós sentaremos embaixo da árvore de manga

 É sempre melhor quando nós estamos juntos
Nós estamos em algum lugar no meio, juntos
Bem, é sempre melhor quando nós estamos juntos

É sempre melhor quando nós estamos juntos

Eu acredito em lembranças, elas parecem tão bonitas quando eu durmo
E quando eu acordo, você está tão bonita dormindo ao meu lado
Mas não há tempo suficiente
E não há nenhuma canção que eu poderia cantar
E não há uma combinação de palavras que eu poderia dizer
Mas mesmo assim vou dizer uma coisa
Nós somos melhores juntos
 


(TE AMO PEDRO MARCOS MACIEL - Sua mina Gabi*)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um anjo banguela













Hoje eu conheci uma pessoa.
Um menino na verdade.
Uma doçura, com aqueles olhos pequenos de cílios enormes e negros.
Ele era lindo.
Sentado, me observava de longe, enquanto eu conversava com a responsável pela casa na qual o mesmo mora.
Um bebê!
Ele cheirava a leite e a carência; à infância e um pouco até de infelicidade.
A inocência imaculada pela linha tênue da ignorância.
Ele me disse "OI" com seu sorriso maroto.
Eu o respondi, com meu olhar mais amável, enquanto me perguntava "Como pode?"
Com um sorriso carregado de ternura perguntei:
- Quantos anos você tem meu bem?
Ele, colocando seu pequeno polegar na boca, respondeu:
-  Não sei. As pessoas me dizem que tenho quatro.
- Você é feliz aqui?
Perguntei, usando olhos e sobrancelhas para expressar bem minha preocupação!
- Acho que sim. Não conheço outra realidade.
Ele exclamou sorrindo para a mulher e para mim ao mesmo tempo. O pequeno polegar ainda na boca.
Vendo isso, a mulher com as mãos na cintura e as rugas marcando sua testa alva e protuberante me perguntou:
- Algum problema?
Ao notarmos o engano, eu e  meu pequeno amigo respondemos imediatamente.
- Não! Eu com minha mãos espalmadas à frente do corpo e ele se levantando e abraçando, com seus bracinhos gordinhos, a perna dessa mesma mulher.
- Muito pelo contrário! Disse eu, ao ver aquele sinal de intimidade e carinho, do abraço apertado naquela saia azul marinho.
Agradeci a ela pela atenção e com meu aperto de mão mais firme e orgulhoso disse:
- O mundo precisa de mais pessoas como você!
E com meus olhos úmidos me despedi do meu novo amigo.
Ele enfim tirou o pequeno dedo da boca.
Me mostrou um sorriso banguela, no qual a pequena língua ocupava o espaço deixado pelos dois dentinhos superiores.
Acenei!
Ele só me olhou, enquanto soltava a saia azul marinho, voltava o dedo à boca e sentava-se na escada.
Antes de dobrar a esquina vi pela última vez aqueles olhinhos; aqueles cílios negros; aquele polegar na boca, agora com os outros quatro dedos da pequena mãozinha levantados. Ele acenava pra mim!

Eu conheci alguém hoje.
Conversei com um anjo banguela.
Nos vimos e nos enxergamos em uma conversa não-verbal, transcendente, singular. Feita de sorrisos, olhares e polegares. 

Sabe aqueles momentos em que se pode sentir o cheiro de Deus?
Eu ainda o sinto em minha roupas.

(Uma história baseada em um encontro real descrita através de uma mente viajante!)

sábado, 4 de junho de 2011

Ah, os chinelos com meias!

Sou só eu que acho o inverno extremamente charmoso?
Sinto como se vivesse em um filme europeu de baixa qualidade. O vento, as folhas rastejantes, as roupas fora de moda, as toucas de lã, os narizes vermelhos e os chinelos com meias. Ah, os chinelos com meias!
Ouço a música da trilha sonora,  J’Ai Deux Amours – Madeleine Peyroux.

Nele as roupas são sempre coloridas, o ar cheira a café e as pessoas se sentam nas calçadas para aquecerem-se ao sol agradável de junho. Os cachorros dormem com suas barrigas peludas para cima, as crianças usam luvas, gorros, pantufas e casacos quentinhos, coloridos e engraçados enquanto correm atrás das folhas que ainda rastejam pelas ruas levadas pelo vento.
Eu reconheço: amo esta época do ano!
Me arrasto pelo interminável e úmido período do verão, já tirando os gorros do baú e imaginando como seria bom tomar um capuccino e ler um livro perto de uma lareira.
Confesso: sempre sonhei em ter uma lareira. E como este filme não se trata de nada além do que meros devaneios meus em um dia frio, nele, eu terei uma lareira.
Apesar de que não exista nada nesse mundo que eu abomine mais do que cheirar a fumaça, eu faria um esforço, pra ter esse luxo charmoso do fogo estalando e aquecendo o ambiente. Mais uma cena do filme em exibição.
O idioma falado é o Frances. O charme desse idioma e sua pronuncia cantada dá um toque especial.
A baixa temperatura tem o poder de aproximar as pessoas, tornando todas mais calorosas entre si. No decorrer do filme elas se abraçam mais que de costume, andam sempre próximas, mãos dadas, braços dados, beijos. O amor aquecendo os corações na falta de uma lareira.
O auge do filme ocorre com a cena de um casal, em um banco de praça. Ele sentado, acariciando os cabelo esvoaçantes de sua amada deitada em seu colo, usando um cachecol de extremo mal gosto. Ele pensou em dizer isto a ela, mas algo naquele clima etéreo, no aroma quente de café e naquele sorriso o fez mudar de opinião. " Ela nunca esteve mais linda!"
Esse filme provavelmente não faria parte dos candidatos ao Oscar.
Seria apenas uma janela para o charme que só o clima frio possibilita.
Já com as luzes acesas, o filme se encerra. 
Olho através de minha janela embaçada, meu rosto de encontro ao vidro úmido e gélido, ouço o vento.
As folhas ainda rastejam lá fora, o cheiro de café vem da cozinha, e a lareira é substituída pelo fogão ou mesmo pelo secador de cabelo ligado embaixo do cobertor. Do rádio vem a trilha sonora, em português. Um samba!
Com 400km de distancia entre o garoto, o banco da praça e os cabelos esvoaçantes, a menina só usa seu cachecol e seus chinelos com meias. Ah, os chinelos com meias!
Exatamente como imaginei!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O amor anda tão fora de moda!

Há momentos em tudo parece fora do lugar.
Exatamente nesses momentos que paro e penso: como sabermos o que é certo e o que é errado?
Como saber se meu lugar é no chão se nunca me deixaram voar?
A normalidade!
O padrão criado pela cultura da nossa sociedade é o ponto norteador.
Ele nos diz que o certo é a felicidade, e o riso estampado no rosto.
Mas, e se a normalidade for inadequada para alguns?
Mas, e se o normal fosse a depressão e o tédio? 
Imaginei...
 ...um lugar onde pessoas sorrindo fosse considerado uma patologia, uma anormalidade tratada e combatida com grandes doses de remédios, álcool e filmes melosos.
Terapeutas ensinariam as pessoas a chorarem e isolarem-se do mundo. Lenços seriam super valorizados e os palhaços seriam uma classe desempregada e em extinção. Considerados anormais dentro de seu esforço pela felicidade. 
Tão anormal!
E se o céu azul e límpido fosse considerado estranho?
Os dias nublados seriam agraciados por rostos cinzas através de janelas embaçadas  e úmidas.
Os pássaros não mais cantariam.
O som quase que seria extinto. Apenas se ouviria ao fundo um lamento, um murmúrio acompanhando o ritmo lento e intenso da infelicidade vigente.
As cores desbotariam gradativamente. A grama sempre seria amarelada e seca pra combinar com as flores desbotadas e fúnebres.
Porem, alguns poucos não se encaixariam dentro desse cenário.
Eles, olhariam para o céu cinza e imaginariam como seria vê-lo sem aquela camada de nuvens; como seria sentir o calor do sol a queimar sua pele e espantar toda aquela ausência de cor, de vida.
Começariam a se questionar. A viver.
Ensinariam os pássaros a cantarem, assoviando pelas ruas, sendo acompanhados por olhares de reprovação enquanto pintavam as flores com o batom escondido na bolsa.
Anormais! Aprendendo a arreganhar os dentes para o mundo e a sorrir para a vida.
Errados aos olhos dos outros.
Mas, quem foi que garantiu aos outros o direito de julgamento?
Quem seria realmente, o “dono da verdade”?
A verdade é relativa, não é única e imutável.
É inconstante.
É plural.
A minha verdade é particular, é de dentro para fora e nada tem relação com o ponto de vista dos que estão ao meu redor.
Eu gosto do céu cinza e dias nublados. Isso não quer dizer que o céu azul e um sol gigantescamente brilhante seja anormal. É apenas a verdade de outra pessoa e não a minha.
Tantas coisas acontecem ao nosso redor. O tempo todo, todo o tempo.
Nem sempre o mundo em que se vive é realmente o seu mundo.
Não se encaixar no mundo não é algo ruim. O mundo é tão grande e o universo é inimaginavelmente maior!
Existe espaço pra tanta diversidade quanto podemos imaginar ou pintar com batom.

Mais uma vez, imaginei...

E se o normal fosse todos vivermos em paz?
E se em nosso mundo, todos, independente de cor, raça, escolha sexual, limitações ou mesmo idade tivessem acesso a todos os ambientes culturais, educacionais e afins em perfeita harmonia?
Neste mesmo mundo, as crianças teriam a infância preservada e seus pais sempre estariam presentes na busca de seu bem-estar.
O dinheiro seria apenas um instrumento para se alcançar bens materiais. Seria dispensável, e não a meta de vida de tantos.
Os países teriam líderes comprometidos com o desenvolvimento responsável de seu país e seu povo. Patriarcas e matriarcas no sentido literal da palavra.
A natureza seria encarada como nossa maior riqueza. Viveríamos em plena harmonia.
Deus não seria culpado por nossos erros e muito menos pretexto para estúpidas lutas travadas entre iguais. Ele viveria entre nós. Caminharia descalço entre as crianças em uma escola; ouviríamos sua voz no barulho do mar; veríamos seu sorriso em cada arco-íris. 
Nós o encontraríamos em templos, igrejas e mesquitas. Ele seria negro, seria índio, seria branco, teria os olhos puxados, seria Alá, seria Javé, Jeová, Buda, seria Shiva. Teria um pedaço de cada um de nós, pois ele seria de um e de todos, ao mesmo tempo.
Os noticiários seriam aguardados com ansiedade. Famílias se reuniriam para sorrir e louvar as noticias tão abençoadas que recebiam do mundo. Uma janela.
As pessoas não morreriam jovens. Os idosos seriam vistos como símbolos se sabedoria e grandeza.
A infância seria intacta. Um direito previsto por uma lei atuante e real.
Os carinhos seriam puros.
Os pais, eternos. 
Os amigos, próximos. 
E o amor intenso e pra sempre.
Amar seria o verbo.
As almas gêmeas separadas durante o nascimento se encontrariam depois de anos de boas experiências, para à partir deste momento compartilharem uma vida a dois, com direito à várias eternidades.
As lágrimas teriam virado pó.
E eu, que sempre quis voar, ignoraria a gravidade, emprestaria o céu azul, pintaria flores cinzas, esperaria pela chuva e faria lágrimas com água em meu rosto vivo demais. Lágrimas de felicidade.
Não me encaixaria nesse mundo. Não por não apreciá-lo, mas porque hoje não me encaixo neste em que vivo.
Não entendo os preconceitos.
Não tenho forças para perdoar o absurdo que pais cometem com filhos.
Não vejo grandeza na maioria dos líderes do mundo.
Não aceito as verdades dos outros como minha.
Não me encaixo nos padrões.
Não ouço as mesmas músicas e nem mesmo assisto aos mesmos programas.
Não rio das piadas toscas e acompanho apenas a  moda que se adapta a mim, e não o inverso.
Prefiro livros a baladas lotadas de pessoas suadas e música ruim.

 Ainda pensando....

Quem é dita as regras?
Onde está o dono da verdade?

..respondi!
A minha verdade faço eu. O meu mundo faço eu. A minha vida vivo eu.

À noite, oro em português pra um Deus que me escuta em dialetos antigos. 
Ele tem a pele negra, vários braços adornados por jóias e mãos perfuradas pela nossa falta de amor.
Olhando meus pensamentos ele ri e ironiza:
  - Mas quem iria querer um mundo onde o amor fosse o combustível, minha filha? O amor anda tão fora de moda!
 - Tão anormal! Digo eu antes de cair no sono.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Nossa! Que papo de louco!


Outro dia me peguei sorrindo pro Humberto Gessinger no DVD acústico MTV.
Quase que ri de mim ao notar isso, da minha hipnose frente a esse homem e suas músicas.
Pensei comigo “Nossa! Que é que eu to fazendo?!”
Tempos atrás assisti ao programa do JÔ, um especial que ele fez somente com a Marina Silva e percebi como ele ficava hipnotizado na frente dela. “Cada um com seus ídolos!” pensei, me sentindo aliviada pelo sorriso, e correta na minha escolha eleitoral.
Estão aí duas pessoas que deveriam ser “para sempre”. O Jô e o Humberto Gessinger. Seres humanos únicos e insubstituíveis em sua loucura peculiar. O Renato Russo também merecia estar em tal lista, porém, meu pensamento forte e minha esperança nada valem para alguém que já se foi. Por isso foco tudo que aprendi com o livro “O segredo” na imortalidade desses dois ícones.
Sinto-me frustrada por nunca ter assistido um show do Legião Urbana. Acho que é por isso que gosto tanto de seus álbuns ao vivo, pois assim eu posso ouvir os erros, os risos e as frases espontâneas. Ali não ouço somente o CD do Legião Urbana, eu ouço o Renato, em toda sua plenitude cantando “pintinho amarelinho”. É um caminho delicado, na corda bamba, entre a loucura e a genialidade.
Pensando nisso cheguei à conclusão que as pessoas normais são muito chatas. Eu gosto mesmo é do delírio, do cabelo balançando no ritmo da música e ocultando o rosto do cantor, gosto do improviso, gosto de sentir o mau humor às vezes, gosto de declarações de amor singulares, gosto de tempestades e raios. Gosto é do estrago!
Li uma vez em uma revista, que agora não lembro o nome, que a maioria dos gênios que já surgiram em todos os tempos eram judeus e/ou canhotos. Na época pensei “Agora só falta ser gênio! Mas já escrevo com a mão certa.” Mas agora, ao escrever sobre essa baboseira toda, é que eu notei que a normalidade não faz parte da genialidade.
Nossa sociedade foi construída por pessoas diferentes, o melhor dela surgiu dos sonhos e “delírios” de pessoas consideradas anormais, pessoas reprimidas, pessoas especiais. Por que não pessoas loucas? Pois assim eram consideradas pela normalidade dominante.
O preconceito é tão empobrecedor!
Meu professor disse a seguinte frase durante uma de suas aulas “Toda simplificação é empobrecedora”. E, acredito eu, que toda generalização também seja. Buscar tornar homogênea essa grande mistura que é o mundo é empobrecedor, e torna tudo menos colorido.
Como diria o grande poeta HG “A diferença é que temos em comum”. Não precisamos ser iguais para sermos todos humanos, somos humanos por que evoluímos, por que em uma determinada época nos destacamos, por que fomos diferentes.
Apagar as cores da India seria uma ferida no mundo, assim como silenciar alunos em uma sala de aula é uma ferida na construção do conhecimento. O capitalismo selvagem simplifica; oferece Mc Donalds ao vegetariano.
Obviamente que não me comparo à louca genialidade de Einstein, Galileu, Paulo Freire, HG, Walt Disney, Jô Soares e Marina Silva. Somente busco meus 5 minutos de loucura diária. Faz bem pra mim e faz bem pra diversidade.
Acredito que foi a partir de um desses momentos que surgiu esse texto, se é que assim posso chamá-lo, a partir de uma conclusão tirada de um sorriso dado a um ídolo distante.
E pra ser sincera não sei explicar ao certo como esse texto tomou a direção na qual ele se encontra.
Eu falava de sorrisos e ídolos, não?
Eu falava de imortalidade não é?
Eu falava de Renato Russo e pintinho amarelinho né?
Nossa! Que papo de louco!