sábado, 4 de junho de 2011

Ah, os chinelos com meias!

Sou só eu que acho o inverno extremamente charmoso?
Sinto como se vivesse em um filme europeu de baixa qualidade. O vento, as folhas rastejantes, as roupas fora de moda, as toucas de lã, os narizes vermelhos e os chinelos com meias. Ah, os chinelos com meias!
Ouço a música da trilha sonora,  J’Ai Deux Amours – Madeleine Peyroux.

Nele as roupas são sempre coloridas, o ar cheira a café e as pessoas se sentam nas calçadas para aquecerem-se ao sol agradável de junho. Os cachorros dormem com suas barrigas peludas para cima, as crianças usam luvas, gorros, pantufas e casacos quentinhos, coloridos e engraçados enquanto correm atrás das folhas que ainda rastejam pelas ruas levadas pelo vento.
Eu reconheço: amo esta época do ano!
Me arrasto pelo interminável e úmido período do verão, já tirando os gorros do baú e imaginando como seria bom tomar um capuccino e ler um livro perto de uma lareira.
Confesso: sempre sonhei em ter uma lareira. E como este filme não se trata de nada além do que meros devaneios meus em um dia frio, nele, eu terei uma lareira.
Apesar de que não exista nada nesse mundo que eu abomine mais do que cheirar a fumaça, eu faria um esforço, pra ter esse luxo charmoso do fogo estalando e aquecendo o ambiente. Mais uma cena do filme em exibição.
O idioma falado é o Frances. O charme desse idioma e sua pronuncia cantada dá um toque especial.
A baixa temperatura tem o poder de aproximar as pessoas, tornando todas mais calorosas entre si. No decorrer do filme elas se abraçam mais que de costume, andam sempre próximas, mãos dadas, braços dados, beijos. O amor aquecendo os corações na falta de uma lareira.
O auge do filme ocorre com a cena de um casal, em um banco de praça. Ele sentado, acariciando os cabelo esvoaçantes de sua amada deitada em seu colo, usando um cachecol de extremo mal gosto. Ele pensou em dizer isto a ela, mas algo naquele clima etéreo, no aroma quente de café e naquele sorriso o fez mudar de opinião. " Ela nunca esteve mais linda!"
Esse filme provavelmente não faria parte dos candidatos ao Oscar.
Seria apenas uma janela para o charme que só o clima frio possibilita.
Já com as luzes acesas, o filme se encerra. 
Olho através de minha janela embaçada, meu rosto de encontro ao vidro úmido e gélido, ouço o vento.
As folhas ainda rastejam lá fora, o cheiro de café vem da cozinha, e a lareira é substituída pelo fogão ou mesmo pelo secador de cabelo ligado embaixo do cobertor. Do rádio vem a trilha sonora, em português. Um samba!
Com 400km de distancia entre o garoto, o banco da praça e os cabelos esvoaçantes, a menina só usa seu cachecol e seus chinelos com meias. Ah, os chinelos com meias!
Exatamente como imaginei!

2 comentários:

  1. Adorei, Gabi! Também sou particularmente apaixonada pelo inverno! E isso tem uma explicação: no dia 23 de junho de 1986, em Santana do Livramento (RS), estava nevando! hehehehe
    Beijos e parabéns pelo texto, ficou muito bom!

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  2. Ai Vivian, que lindo seu comentário. Adorei!
    Ta aí uma coisa que eu ainda espero ver. Um dia com neve!
    Eu, com toda a minha imaginação, consigo até imaginar a cena, desse dia frio de 1986!
    =]
    Obrigada Vivian, quando atualizar o seu me avise!
    Beijos!

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