sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Ela era especial!"

Essa semana o céu está mais azul vocês repararam?
O frio não tem sido tão intenso - o que é uma pena - e os dias gelados só restaram nas cenas de certo filme europeu ruim.
O sol tem brilhado com todo seu clarão e até tivemos um eclipse. O universo anda a todo vapor, uma verdadeira festa no céu. Um pedacinho dele voltou pra casa.

Voltando ao passado...

Anos atrás, em uma noite enluarada, a imensidão do firmamento se voltava para uma singela casa, situada na RUA DA LIBERDADE.
Estrelas cadentes acompanhadas por uma lua inflada e magnífica admiravam Deus em sua forma mais real.
Um nascimento.
Pequenos seres dotados de quatro patas abririam seus olhinhos e abanariam suas caudas pela primeira vez.
Porém, a distância era tão grande que apesar do brilho das estrelas e da Lua, os habitantes do infinito apenas ouviam os gemidos e a respiração ofegante de uma mãe prestes a dar a luz.
Pensando nos pequenos seres que estavam prestes a adentrarem o universo, a Lua,  em um instinto materno, inspirou com toda força o ar gélido da madrugada e soprou as estrelas ao seu redor.
As filhas iluminadas da grande senhora da noite, entendendo o desejo de sua mãe, entregaram-se à brisa, deixando que pequenas partes de seus sorrisos incandescentes fossem carregados livremente.
Poeira estelar; pedaços de céu; essência divina; sorrisos cadentes.
No momento em que essa brisa chegou à rua da liberdade, uma minúscula massa de negros pêlos dormia serena, com sua barriguinha voltada para cima. E foi bem aí, nessa pequena barriguinha canina que o sorriso das estrelas repousou, soprando a negritude para seu dorso, deixando com um brilho de ouro parte de suas patas, sua barriga e seu olhar.
"Ela será especial!" A mãe Lua sorriu.
Tendo na Terra um pedacinho do infinito, os astros e estrelas mostraram-se rigorosos quanto à escolha dos guardiões daquele pequeno ser. E para isso foi providenciada uma família iluminada.
"Assim ela se sentirá em casa" Sussurraram as estrelas em coro.
E ele a encontrou. Faceira, com suas patinhas curtinhas e fofas, seu abanar singular de rabo e seu sorriso canino com sua linguinha um pouco grande demais exposta. Ela adentrou o coração dele na hora.
"Ela é especial" Sorriu e afirmou o guardião escolhido.
Sem dificuldades nenhuma ela encontrou seu pedaço de céu na Terra, entre aquelas pessoas, com  aquela família.
Os anos se passaram e a singela bola de pêlos tornou-se uma fêmea imponente em seu porte.
"Para um coração do tamanho do Universo, não poderia ser diferente!" Orgulhava-se a mãe Lua, enquanto iluminava o lar da família e da pequena estrela, que mais uma vez dormia com seu ventre voltado para o lar de origem.
Mudanças ocorreram, e o senhor dos dias e das horas, O tempo, voltou seus olhos para a pequena cidade, para a casa amarela, para seus habitantes, para a nossa Brenda.
"Está na hora dela voltar pra casa." Afirmava O tempo, dando pequenas palmadas na chorosa Lua minguante.
Desempenhando sua função com extremo louvor, os guardiões lutaram diariamente, de longe, de perto, de todas as formas possíveis. E a mãe Lua sorria com seu sorriso de vírgula, torcendo silenciosa para que de alguma forma as preces fossem ouvidas e aquele brilho não se apagasse.
Mas o senhor do passado e do futuro, estreitando seus olhos sempre voltava a afirmar "Está na hora dela voltar pra casa."
E foi aos quinze dias do sexto mês de 2011 que o universo ficou finalmente completo. Ela finalmente voltou pra casa.
"Ela era especial."
A saudade já machuca os guardiões e eles choram a todo momento. Perder um pedacinho do céu não é simples, é doloroso!
Mas hoje à noite eu conversei com a mãe Lua.
Ela me disse pra não nos preocuparmos, a nossa Brenda está muito bem.
Disse-me também que cada noite estrelada é o olhar dela que se volta para a Terra, procurando por sua família, lhes mostrando o caminho a seguir no dia em que se reencontrarem.
Com meus olhos úmidos eu supliquei que a chamasse, que pedisse para ela me mandar um sinal de que tudo realmente está bem.
E com toda a paciência que só uma mãe tem, a matriarca do universo disse em sussurro, que a chamaria sem problema algum, mas que nesse momento ela dorme calmamente, não mais com seu ventre para cima, mas lado a lado com uma pequena fagulha de Sol, a quem carinhosamente chamavam de Lisa.
"Ela está bem!" Suspirei.



SENTIMOS SAUDADES BRENDINHA!

Gabi*

Nenhum comentário:

Postar um comentário