segunda-feira, 19 de março de 2012

Turning Tables

Sempre fui fascinada por pessoas que conseguem tirar a toalha da mesa sem derrubar tudo que há em cima dela.
Os movimentos parecem sobrenaturais aos meus olhos. O leve flutuar dos copos, o tilintar dos talheres, o som abafado da base dos pratos indo de encontro à inércia.
Like a dance. Uma coreografia gravitacional, que dura apenas alguns segundos.
Como em tudo que envolve vidro e gravidade, nem sempre o resultado é positivo. Porem, mesmo nesses casos ainda me deslumbro com a beleza de toda a destruição que cálculos mal resolvidos podem causar. Os diferentes sons que cada item produz ao se chocar contra o chão, ou mesmo uns contra os outros. É tudo de uma beleza bruta, destruidora, mas ainda assim hipnotizante.
Quase como ver um raio.
Questão de perspectiva. As coisas no mundo costumam apresentar várias. Eu gosto de usá-las.
Ouço várias vezes uma mesma música.
Hábito mais do que comum, principalmente nos dias de tpm, nas foças emocionais ou mesmo quando aqueles amigos se reúnem, e você sente que é aquela música que deve tocar, uma vez após a outra.
Entretanto, aos meus ouvidos a música sempre parece diferente. Em certos momentos noto a letra e a poesia existente nela, em outros ouço sua batida, acompanho seus compassos e até mesmo crio mentalmente uma coreografia que seria perfeita para tal.
Algumas vezes ouço todos os instrumentos juntos, a harmonia dos sons e a complementação dos graves para os agudos, ou vice versa. Mas sei que consigo passar horas ouvindo separadamente cada instrumento, cada performance, cada deslizada do dedo do músico nas cordas enferrujadas de um contra-baixo.
Questão de perspectiva, questão de transformação.
E a graça de tudo é que a vida, nada mais é do um enorme aglomerado de pessoas buscando sua felicidade, dentro da sua perspectiva do que é ser feliz.
E assim vamos nós, dia após dia, noite após noite. Tropeçando, levantando, seguindo em frente.
E afinal, se gregos quebram seus pratos em grandes celebrações à felicidade, afastando os maus espíritos, eu quero mais é virar a mesa. Porque puxar a toalha seria arriscado demais, tudo poderia dar certo e nada se quebrar, e sob minha perspectiva, nesse momento é dos cacos que (re)construirei a minha felicidade.

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