sábado, 22 de setembro de 2012

No papel, na cabeça e nos ouvidos.


Quando foi que a música popular brasileira tornou-se tão ruim, erotizada e descartável?
Gostaria de saber e entender o que foi que mudou em nossa sociedade, mentalidade e musicalidade que nos rebaixou de "país do samba" para "país do arroxa, funknejo e afins"?
Longe de mim desmerecer os gêneros musicais acima, a questão está no fato de que até que ponto tudo isso poder ser considerado música?
Enumerando os problemas da música atual, podemos citar: letras que variam entre burrice, rimas pobres e pornografia sonora.
Mas a meu ver, o maior problema disso tudo, é ver pessoas, diariamente cantarem, dançarem e erguerem o som ruim de seus carros e nos obrigarem a participar dessa mesmice como zumbis sem opinião. Zumbis,que no desespero, comeram seus próprios cérebros. Mas afinal, qual é a utilidade de um cérebro? O importante é rebolar... importante é saber as sílabas...o importante é seguir o ritmo, seguir a massa.
Hoje, vemos uma contínua troca de cantores e cantoras, uma renovação sem inovação onde o novo substitui o velho sem alterar nada além da cor da camisa, a comida preferida e a marca do carro importado na garagem. A cada "música" lançada ouvimos nomes novos, a cada "música" lançada é descoberto novos talentos, enquanto outros caem no esquecimento com seus "tchus tchas".
É tchau! É música descartável, público descartável, tem fim certo e normalmente, rápido.
Enquanto vemos novos pares de calça justa e botas de couro de sabe-se-lá-Deus-o-que entrarem e saírem de cena diariamente, olho ao meu redor e vejo a imortalidade na forma de um charmoso senhor de olhos azuis, uma mãe que já se foi e hoje é eternizada na voz de sua filha, um negro-drama cheio de charme e marra, coletes coloridos daquele menino russo/brasileiro e o melhor dos pares de óculos redondos de toda essa infinita Higway. Boa sensação estranha de imortalidade.
Por isso, penso que não posso estar tão errada em relação a esse tema. Por isso penso que isso que ouvimos não é música.
A música de verdade sobrevive, música de qualidade dura gerações e gerações, música de verdade não tem gemidos, música de verdade não dói aos ouvidos. Tem poesia, tem melodia, tem harmonia. Música de qualidade é aquela que seus pais ouviram, que os seus avós ouviram e que hoje você ouve sabendo que seus filhos irão ouvir um dia, em seus Ipods, cds e discos de vinil. Música de qualidade é eterna porque seus ouvintes não permitem e nem conseguem deixar que tal tesouro se perca e caia no esquecimento.
E no fim de tudo a pergunta que não quer calar é: Quando é que voltaremos a ter samba no pé, miolos na cabeça e menos merda nos ouvidos?

*ps: o gênero não é o principal referencial para a qualidade da música, nem mesmo o timbre de voz do intérprete, e sim o conteúdo. Tudo uma questão de conteúdo. No papel, na cabeça e nos ouvidos.
**ps 2: a intenção desse texto não é atingir ninguém, diminuir ninguém nem nada e sim deixar claro a minha opinião, meus pensamentos sobre esse assunto tão pertinente em nosso país atualmente.

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